Os vencedores de 2014

A 17a edição do Prêmio Educador Nota 10 foi marcada pelo início de uma parceria inédita entre dois grupos e pela valorização da Educação Infantil 

Juntas pela primeira vez, as empresas Globo e Abril, com a Fundação Roberto Marinho (FRM) e a Fundação Victor Civita (FVC), se uniram para reconhecer o trabalho de docentes e gestores escolares brasileiros. Mais de 1,5 mil pessoas estiveram presentes na Sala São Paulo na noite de 20 de outubro e ouviram quando Paula Aparecida Sestari declarou, com voz firme, ao receber seu primeiro troféu da noite: “Profissional de Educação Infantil também é professor!”. A valorização desse segmento tornou-se a grande mensagem assim que ela recebeu o título de Educadora do Ano.

Em seu projeto, Paula voltou o olhar de crianças de 4 e 5 anos para o manguezal localizado ao lado da CEI Odorico Fortunato, em Joinville, a 186 quilômetros de Florianópolis. O lugar, antes visto como um depósito de lixo, passou a ser observado e fiscalizado pela turma do alto de uma casinha de madeira construída no pátio da escola. Maria Virginia Gastaldi, selecionadora de Educação Infantil, destaca o diferencial do projeto: “Paula levou um problema real para discutir com os pequenos e, juntos, eles transformaram a maneira de se relacionar com o lugar onde vivem”.

Além da professora, outros nove educadores foram homenageados na festa e receberam um troféu junto com um prêmio de 15 mil reais cada um. Ao todo, foram mais de 3500 projetos inscritos para o Prêmio Educador Nota 10 de 2014. Conheça mais sobre os 10 projetos abaixo.

Ana Cláudia Santos

Língua Portuguesa/Fundamental II
Projeto: O povo conta
Escola Estadual Padre Paulo
Santo Antônio do Monte, MG

A leitura e a produção de contos populares em verso e prosa foi o tema escolhido pela professora para trabalhar com os estudantes do 6º ano. Eles tiveram que pesquisar com familiares causos e contos tradicionais orais típicos da região. Para ampliar o repertório dos alunos, a educadora apresentou uma vasta coletânea de textos da tradição oral, como o cordel Vaca Estrela e Boi Fubá, de Patativa do Assaré, o conto A panela do diabo, de Pedro Bandeira, e O olho torto de Alexandre, de Graciliano Ramos. Com estes recursos, a turma fez uma reflexão consistente sobre as diferenças entre a fala e a escrita e o uso adequado dessas variações de acordo com a situação. No final do trabalho, as histórias foram registradas e, mais tarde, reescritas para serem publicadas em uma pequena coletânea no formato de e-book.

Leia a reportagem em Nova Escola: Estudantes contadores e escritores de causos

Andréa de Fátima Dias Tambelli

Matemática/Fundamental I
Projeto: O trabalho com medidas
Escola da Vila
São Paulo, SP

O mérito da professora foi deixar a turma do 2º ano explorar instrumentos de medidas e resolver situações-problema fazendo uso do sistema de medidas convencionais ou não convencionais. Durante as atividades, as crianças colocaram em prática e ampliaram os conhecimentos que já possuíam. O processo aconteceu em duas etapas: primeiro, os estudantes realizaram, em grupo, uma série de estimativas sobre medidas que envolviam a preparação de cinco receitas simples. Depois, foram desafiados a adaptar uma receita de bolo, dobrando e dividindo ao meio a quantidade de ingredientes para que ela se adequasse a dois públicos: uma classe com o dobro e outra com a metade de alunos que a deles.

Leia a reportagem em Nova Escola: Receitas e desafios na medida certa

Angela Maria Vieira

História/Fundamental II
Projeto: Os guardiões dos sambaquis
Escola Municipal Profª Maria Regina Leal
Joinville, SC

Angela abordou com sua turma do 6º ano o tema “História antiga brasileira” relacionando-o ao estudo dos sambaquis (sítios arqueológicos em que se encontram restos de conchas, ossos, objetos de pedra e cerâmica) da região próxima à escola, no litoral de Joinville. No local, quatro sambaquis são catalogados e considerados patrimônios arqueológicos, apesar de estarem total ou parcialmente destruídos devido à pavimentação e à exploração imobiliária e ao uso das conchas para a fabricação de cal. Por meio de uma parceria com a equipe do Museu Arqueológico de Sambaqui de Joinville, a professora aprofundou o estudo com as crianças e ainda organizou um material de divulgação para informar e conscientizar a população sobre a preservação desses locais.

Leia a reportagem em Nova Escola: Desvendando os sambaquis

Emanuel Alves Leite

Arte/Fundamental II
Projeto: Lugar de circo é na escola
EE Profª Maria de Lourdes Bezerra
Macau, RN

Aproveitando a curiosidade dos alunos em relação à cultura do circo, o professor de arte, que também é artista circense, explorou o tema com a turma do 9º ano. Emanuel escreveu uma apostila sobre a história do circo e mostrou vídeos de palhaços tradicionais, espetáculos ambulantes e do Cirque de Soleil. Após o estudo e a pesquisa, o educador incentivou cada estudante a criar e representar o seu próprio palhaço, disponibilizando oficinas de figurino, maquiagem e interpretação. Desta forma, os alunos construíram conhecimento sobre o palhaço e o circo popular e, ao final do processo, apresentaram esquetes pelas ruas de Macau.

Leia a reportagem em Nova Escola: A palhaçada que virou conhecimento

Maria da Paz Melo

Arte/Fundamental I
Projeto: O corpo como suporte do desenho
EM Valéria Junqueira Paduan
Santa Rita do Sapucaí, MG

“Faça um desenho como você vê dentro da sua cabeça e não se preocupe se ficar diferente. A intenção é que ele tenha a sua cara.” Esse foi o pedido de Maria da Paz aos alunos de sua turma multisseriada que apresentavam desenhos fracos e diziam não saber fazer isso. A partir dessa reflexão, eles realizaram diferentes atividades com uma grande diversidade de materiais disponíveis na zona rural, onde se localiza a escola, como troncos, pedras, galhos e folhas, que se tornaram elementos importantes para a criação. Depois de apreciarem referências trazidas pela professora, as crianças fizeram esculturas e desenhos de observação de vários ângulos, passaram para o papel a sombra que os galhos faziam no chão, entre outras obras. No final do processo, a turma ampliou seu repertório gráfico e suas possibilidades artísticas.

Leia a reportagem em Nova Escola: Desenho como forma de expressão pessoal

Marlene Garcia Alves

Matemática/Fundamental II
Projeto: Construções no plano cartesiano
Colégio Estadual Vale do Saber
Apucarana, PR

Para desenvolver o conteúdo de geometria analítica no 8º ano, a professora Marlene criou uma proposta didática em que a turma aprendeu a localizar coordenadas nos mapas geográficos e pares ordenados no plano cartesiano. O método escolhido pela educadora permitiu que a classe analisasse e investigasse conceitos geométricos. Inicialmente, os estudantes desenharam figuras simples e depois passaram a usar o plano cartesiano para construir fachadas de casas. Nessa etapa, os alunos trabalharam com autonomia, apresentando construções com aspectos artísticos interessantes, que foram exibidas em uma mostra cultural.

Leia a reportagem em Nova Escola: Plano Cartesiano com desafios progressivos

Monique Godoi Gomes Lescura

Geografia/Fundamental II
Projeto: Desastre natural: informar para prevenir
EM CAIC
Lorena, SP

Com objetivo de ampliar as noções que a turma do 8 º ano tinha sobre desastres naturais, Monique criou diversas atividades que tematizaram a caracterização, a tipologia e a distribuição espacial destes fenômenos. Os alunos realizaram pesquisas na internet e de campo, o que incluiu registros fotográficos, seminários, produções de texto e análises de gráficos. Além disso, visitaram o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) para conhecer o uso de geotecnologias na previsão e monitoramento de desastres naturais. Dessa forma, a educadora conseguiu relacionar a ocorrência desses desastres ao cotidiano dos alunos que, normalmente, os associam apenas a fatos veiculados pela TV, algo longe de sua realidade.

Leia a reportagem em Nova Escola: Desastres naturais: estudo e prevenção

Paula Aparecida Sestari – Educadora Nota 10 – 2014

Educação Infantil/Pré-escola
Projeto: Baía da Babitonga: nosso berçário natural
CEI Odorico Fortunato
Joinville, SC

O manguezal vizinho à escola, em uma região da periferia de Joinville, foi o objeto de estudo da turminha da pré-escola.  Por meio de conversas, leituras, observações, construções tridimensionais e de vivências, as crianças aprenderam sobre a importância e as características deste ecossistema. A turma também assistiu a vídeos, fez pesquisas sobre a região e diversas visitas de campo e montou uma maquete do manguezal. Até mesmo um passeio de barco foi organizado para que vissem de perto da Baía da Babitonga. Por fim, com a colaboração da comunidade e a pedido da classe foi construído um “observatório” elevado de madeira para que todos pudessem observar o manguezal do pátio da escola.

Leia a reportagem em Nova Escola: Os investigadores do manguezal

Renata Maria Pontes Cabral de Medeiros

Língua Portuguesa/Fundamental I
Projeto: As mil e uma noites
EMEF Fabiano Alves de Freitas
Ituverava, SP

A professora organizou um trabalho sistematizado de leitura com o 4º ano, a fim de ampliar o repertório da classe sobre o gênero de aventura. Para isso, foram realizadas várias atividades de escrita de forma coletiva, em duplas e depois textos individuais. Durante todo o processo, a educadora reforçou a necessidade de se planejar o conteúdo e a forma de um texto antes de escrevê-lo. Além disso, promoveu a análise da escrita e fez revisões para aprimorar a produção. No final do projeto, as crianças elaboraram contos de aventura, com base nas histórias das Mil e uma Noites.

Leia a reportagem em Nova Escola: Reescrever para escrever com qualidade