Os vencedores de 2009

Os vencedores de 2009
 

Mais de mil pessoas lotaram a Sala São Paulo, na capital paulista, no dia 19 de outubro, para conferir a 12ª edição do Prêmio Victor Civita Educador Nota 10. Os homenageados foram selecionados entre quase 4 mil inscritos de todo o Brasil e receberam da mão de personalidades o troféu, uma escultura da artista plástica Maria Bonomi.

A tecnologia usada a favor da Educação ganhou destaque pela escolha da Educadora do Ano, a professora de Geografia Karla. Ela implementou um projeto usando um ambiente virtual de aprendizagem, onde alunos de 8º e 9º anos tinham acesso a novos meios para fazer pesquisas solicitadas como lição de casa. O nome dela foi definido, durante a premiação, por sete jurados: Regina Scarpa (coordenadora do grupo e responsável pela área pedagógica da Fundação Victor Civita), Claudio de Moura Castro (consultor da Presidência do Sistema Positivo), Francisco Soares (professor da Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG), Lino de Macedo (professor titular do Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo – USP), Mozart Neves Ramos (presidente-executivo do Compromisso Todos Pela Educação), Sílvia Carvalho (coordenadora do Instituto Avisa Lá) e Terezinha Rios (professora do Programa de Pós-Graduação em Educação da Uninove).

A festa, realização da Fundação Victor Civita (FVC), teve o patrocínio do Grupo Positivo, da Gol Linhas Áreas Inteligentes e da Fundação Nestlé do Brasil e contou com a presença de professores, empresários e autoridades. “Quem trabalha para que este país evolua certamente se lembra dos professores que lhe ensinaram tudo. Reconhecer isso é agradecer a todos os educadores”, disse Maria do Pilar Lacerda Almeida e Silva, secretária de Educação Básica do Ministério da Educação (MEC).  Outras presenças ilustres foram o vice-governador de São Paulo, Alberto Goldman; o secretário de Educação do Estado de São Paulo, Paulo Renato Souza, o secretário de Educação do Município de São Paulo, Alexandre Schneider, e o senador e ex-ministro da Educação, Cristóvam Buarque. A cerimônia teve a apresentação da atriz Marília Pêra, que comoveu a plateia ao lembrar os muitos mestres que teve em sua vida, especialmente o pai, Manoel. O público foi embalado por músicas da cantora Adriana Calcanhotto e por acordes do Trio + 1 + 4, regido pelo maestro Benjamim Taubkin.

Ademir Testa Júnior

Educação Física / Fundamental II
Projeto: Movimento, saúde e qualidade de vida
EE Capitão Henrique Montenegro
Bocaina, SP

O professor Ademir perguntou aos alunos o que já conheciam sobre movimento e hábitos saudáveis. Só então as crianças e os jovens (de 5ª a 8ª séries) perceberam que havia muito mais para ser descoberto dentro do tema “qualidade de vida”. Ademir envolveu a todos intercalando pesquisas e situações práticas, sem deixar de abordar conteúdos previstos nos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs), como jogos e lutas. As aulas aconteciam em sala, com seminários preparados pelos alunos, e na quadra, com atividades corporais sobre os temas estudados. O diferencial é que ele enfocou a relação entre a atividade física e a manutenção da saúde. Uma das tarefas da turma foi medir, pesar e verificar as condições de flexibilidade dos que circulavam em uma praça próxima da escola. Enquanto levantavam os dados, os estudantes orientavam as pessoas sobre hábitos saudáveis.

Leia a reportagem de Nova Escola: Qualidade de vida se aprende na escola

Amarildo Reino de Lima – Gestor Nota 10

Diretor / Ensino Fundamental I e II
Projeto: A hora é essa
Centro de Ensino Fundamental 427
Samambaia, DF

Problemas conhecidos da Educação brasileira foram enfrentados com determinação pelo diretor Amarildo: a reprovação múltipla e a defasagem idade-série. Em sua escola, em uma cidade-satélite a 45 quilômetros de Brasília, os números eram alarmantes. Dos 1000 alunos, 400 estavam fora da turma adequada para a idade. Mas o discurso do diretor mirava na oportunidade e não no fracasso. Após um diagnóstico inicial, os estudantes defasados foram agrupados em turmas de aceleração – alternativa válida quando são muitos jovens nessa condição. Os professores criaram currículos enxutos e específicos, mudaram a forma de avaliar e de dar aulas. O resultado se mostrou em um ano: mais de 90% dos alunos das classes de aceleração forma aprovados – com desempenho recorde na avaliação externa (da Secretaria de Educação do Distrito Federal). A escola passou a ser a primeira de Samambaia e ficou acima da média de toda a rede.

Leia a reportagem em Gestão Escolar: Um programa para corrigir a defasagem idade-série

Andréia Betina Legatzky Klitzke

Matemática / Fundamental I
Projeto: Construindo o conceito de ângulo
EM Professora Karin Barkemeyer
Joinville, SC

A professora Andréia conseguiu transformar as turmas de 5º ano em feras em ângulos, um conceito fundamental para o estudo a geometria. A garotada calcula aberturas de ângulos presentes em diversos objetos, por exemplo, uma rampa, com uma precisão surpreendente e segue instruções como vire à 90o a direita. O ponto de partida foi levar a turma a perceber que diversos tipos de giro realizados pelo corpo estavam relacionados aos ângulos e poderiam ser medidos em grau. O projeto previa ainda explorar a noção em polígonos, estimar aberturas e discutir sobre a importância do ângulo para diversas profissões. Seu mérito foi apresentar o conteúdo de maneira inovadora, usando uma sequência com mais de quinze atividades diversificadas. Com tantas possibilidades, ficou mais fácil para toda a turma, inclusive dois estudantes com deficiência, avançar na aprendizagem.

Leia a reportagem de Nova Escola: Estratégias eficientes para ensinar o conceito de ângulo

Áudrea da Costa Martins

Arte / Fundamental I e II
Projeto: Composição musical: experiências no universo contemporâneo e tecnológico
EMEF São João Batista
São Leopoldo, RS

Música é só o que toca na rádio e na TV. Era assim limitado o pensamento dos alunos de Áudrea. Mas isso mudou quando a professora começou a introduzir momentos de apreciação musical, trazendo CDs de estilos diferentes, com obras acústicas, eletrônicas e aleatórias. Os alunos analisaram a presença de elementos sonoros experimentais nessas últimas, como manipulações eletrônicas, ruídos e sons do ambiente. Aí ela propôs que a turma toda experimentasse tirar melodias de instrumentos como flautas e pandeiros. O desafio lançado pela professora foi que os estudantes escrevessem textos para serem musicados com ajuda de instrumentos e sons obtidos em gravações feitas ao acaso, resultando em composições originais. A turma ainda aprendeu a usar um software gratuito de áudio para criar e editar uma música eletroacústica, que contou com a colaboração e a energia criativa de cada um dos alunos.

Leia a reportagem de Nova Escola: Formando bravos compositores

Claudia Tondato

Língua Portuguesa / Fundamental I
Projeto: Novos contos da rua Brocá
EMEF Professor Rosalvito Cobra
São Caetano do Sul, SP

Para ensinar seus alunos da 4ª série a aprimorar a produção de texto, a professora Claudia trabalhou a reescrita do conto A Bruxa da Rua Mufetar, do livro Contos da Rua Brocá, do francês Pierri Gripari), fazendo a troca de personagens-chave. Antes que os estudantes iniciassem a criação de suas histórias, Claudia lia contos de referência e pedia que eles anotassem as ideias que cada autor usava para enriquecer as narrativas. Na hora de reescrever, a garotada soltou a imaginação: trocou a bruxa por uma fada, um vampiro e até um ogro. A revisão coletiva, feita no computador, enfocou a coesão e a coerência e permitiu que as crianças trocassem sugestões para melhorar o trabalho. Os escritos foram reunidos em  um livro doado para a biblioteca da escola. O maior ganho foi a mudança de atitude das crianças, que começaram a reler o que escreviam e fazer revisões, entregando textos mais bem acabados.

Leia a reportagem de Nova Escola: Autor de bons textos em formação

Daniela Mazoco

Matemática / Fundamental II
Projeto: Tecnologia, estatística e consumo de água em Urupês
EMEF Professor Athayr da Silva Rosa
Urupês, SP

Quantos litros de água um morador da nossa cidade gasta, em média, por dia? Foi com essa pergunta que a professora Daniela provocou os alunos da 6ª série. Para respondê-la, eles buscaram tabelas com os dados de consumo na prefeitura e foram conhecer poços artesianos que abastecem a área urbana. Com os técnicos, aprenderam como funcionam hidrômetros e horímetros, equipamentos que mede o volume da passagem de água. Em sala, usando calculadora e do computador, a moçada resolveu problemas diversos: multiplicou a vazão de água pelas horas de funcionamento dos poços a cada dia, dividiu o total de litros gastos por dia pelo número de habitantes da cidade e transformou metros cúbicos em litros. Essa maratona de raciocínio proporcionou conhecimentos sobre estatística e unidades de medida e levou os estudantes a usar o programa Excel para fazer cálculos e tabelas. Ah, e por fim, descobriram que cada morador gasta, em média, 225 litros de água diariamente.

Leia a reportagem de Nova Escola: Estatísticas bem trabalhadas

Karla Emanuella Veloso Pinto – Educadora do Ano

Geografia / Fundamental II
Projeto: Ambiente virtual
Centro Educadional NDE Ufla
Lavras, MG

A professora de Geografia decidiu tomar uma atitude contundente contra o mau hábito dos estudantes de copiar e colar dados da internet para cumprir demandas de pesquisa ou de lição de casa. Karla usou a internet como aliada aproveitando o Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA) da Universidade Federal de Lavras. As tarefas de casa eram solicitadas nesse espaço e os alunos de 8º e 9º ano tinha um prazo para enviá-las de volta. Além disso, chats e fóruns foram usados para enviar as atividades e ainda durante as situações de debate online que Karla planejava. A professora também tirava dúvidas via internet e disponibilizava material de referência para a consulta bibliográfica. A ideia agradou. Alguns estudantes passarem a acessar as plataformas, a publicar suas pesquisas e comentários a respeito das postagens dos colegas até durante os fins de semana e à noite. O projeto ensinou a todos a importância de buscar informações e interpretá-las, mas, acima de tudo, se aproximou da realidade dos jovens conectados e mudou o jeito como eles encaravam as tarefas.

Leia a reportagem de Nova Escola: Lição de casa com a web 2.0

Maria das Dores de Macedo Coutinho Raposo

Língua Portuguesa / Fundamental II
Projeto: Em pauta, contos de terror
Escola Crescimento
São Luís, MA

As turmas de 6º ano da professora Maria das Dores se empenharam na criação de textos com enredos assustadores. Com apoio de um material didático elaborado por ela, os estudantes analisaram a estrutura dos contos que liam: observavam como a história começava, como os fatos se desenrolavam e os desfechos dados pelos autores. Depois de enriquecer seu repertório com muitas leituras do gênero, os estudantes mergulharam na produção de um conto de terror. O planejamento das histórias incluiu a troca de ideias sobre os obstáculos a serem enfrentados pelos personagens, o cenário e as características dos vilões. Depois que ada um escreveu suas narrativas, foram realizadas várias revisões – coletivas, em duplas e individualmente. A consistência nos comentários dos alunos na produção dos colegas demonstrou o quanto aprenderam sobre coesão, adequação ao gênero e desenvolvimento de personagens.

Leia a reportagem de Nova Escola: Como trabalhar a escrita de contos de terror

Maria Tereza Gomes de Almeida Lima

Língua Portuguesa
Projeto: O jornal “O Domingo” e a literatura do século 19
Centro Educacional Frei Seráfico
São João del Rei, MG

O estudo da linguagem literária e a compreensão do que é literatura foi introduzido para o 9º ano de forma criativa. Maria Tereza propôs a leitura e análise do jornal O Domingo, publicação especializada que circulou na cidade de São João del Rei em 1885 e 1886 e publicava resenhas literárias, contos e poemas de autores locais. A professora forneceu um modelo de investigação para orientar a turma na organização dos dados e então cada grupo preparou um seminário para mostrar as características da literatura da época.  O trabalho incluiu a análise de produções em prova e verso. Ao ler o antigo jornal, os adolescentes puderam confrontar a realidade da época e a atual, especialmente em relação ao papel da mulher na sociedade. Para expor os resultados das pesquisas dos alunos e seu olhar sobre esse período da história, foi utilizada outra mídia local: o Jornal do Poste, um mural que existe desde 1950.

Leia a reportagem de Nova Escola: Como trabalhar as definições de literatura

Milca Luiza Toyneti dos Santos

Alfabetização / Fundamental I
Projeto: Conhecer cada um, alfabetizar todos
EE Professor João Caetano da Rocha
Itápolis, SP

Receitas tradicionais de Festas Juninas foram o tema escolhido para produzir um livro com ingredientes e instruções para preparar os quitutes. O objetivo principal da professora Milca era fazer com que os alunos do 2º ano aprendessem muito durante o percurso, avançando em direção à escrita alfabética. O desafio não foi pequeno: o primeiro diagnóstico da turma, formada por 25 crianças de 6 e 7 anos, mostrou que a maioria era pré-silábica (em fase mais inicial da escrita) e apenas uma era alfabética (com escrita convencional). Para dar conta, ela criou uma rotina equilibrada, que combinava atividades de escrita e leitura. Além de ler para os alunos todos os dias, variando os gêneros textuais, ela propunha a eles a leitura e a escrita de nomes próprios, listas diversas e textos que tinham de memória, como cantigas e parlendas. Dessa forma, todos se alfabetizavam enquanto desenvolviam comportamentos leitores e escritores.

Leia a reportagem de Nova Escola: Como trabalhar com projetos didáticos na alfabetização

Rosangela Guella Tamagnone

Artes visuais / Fundamental II
Projeto: O registro fotográfico: do convencional ao digital
EEEF Ismael Chaves Barcellos
Caxias do Sul, RS

Depois de observar a fascinação dos jovens pelas selfies, tiradas com celulares ou câmeras digitais durante o recreio, Rosangela resolveu desenvolver com as turmas de 7ª e 8ª séries um projeto sobre fotografia. Os estudantes aprenderam os elementos de composição da imagem, a tirar fotos com intencionalidade e recriaram suas produções ao alterar os originais com editores de imagens no computador. Além disso, conheceram a história da fotografia por meio de aulas, debates e palestras com profissionais do ramo. Com todo esse novo conhecimento, saíram a campo para fotografar. O objetivo era produzir imagens da escola, que estava fazendo aniversário de 70 anos. A atividade gerou discussões sobre melhores enquadramentos e luz ideal para registrar os cliques, que foram reunidos em uma exposição aberta a toda a comunidade escolar.

Leia a reportagem de Nova Escola: Olhar fotográfico