Legado do Prêmio – 22ª edição

De mãos dadas, unidos por um mesmo propósito: valorizar a Educação. Essa foi a mensagem da 22ª edição do Prêmio Educador Nota 10, maior e mais importante prêmio da Educação Básica brasileira, que neste ano recebeu quase 5 mil inscrições. A cerimônia de premiação realizada na Sala São Paulo em 30 de setembro, celebrou os 10 Vencedores e consagrou a Coordenadora Pedagógica Joice Lamb, de Novo Hamburgo (RS), como Educadora do Ano. Já Patrícia Barreto, professora de Nova Cruz (RN), recebeu uma homenagem por ter seu projeto eleito pela votação popular #Esseprojetoé10, promovida pelo site do Prêmio.

Avanços e desafios: o olhar do Prêmio Educador Nota 10

Há 22 anos os selecionadores acompanham a situação da Educação Básica brasileira pela ótica do professor

Nós acreditamos na Educação como fruto de envolvimento, compromisso e responsabilidade de todos. A sociedade brasileira tem reconhecido cada vez mais o seu poder de mudar o presente e o futuro, de impulsionar prosperidade e desenvolvimento e de preservar a democracia. Educação é, ao mesmo tempo, atitude e esperança, dedicação e promessa, inovação e continuidade. Em um país que enfrenta profundas dificuldades na implantação de políticas públicas que resultem em qualidade educacional, a valorização de professores e gestores ganha ainda mais relevância. 

Com mais de duas décadas de existência, o Prêmio Educador Nota 10 acompanhou e segue observando mudanças em práticas pedagógicas, investimento em formação continuada, avanços em condições de infraestrutura e ampliação do tempo de permanência dos alunos na escola. Mesmo sabendo da universalização do acesso, vemos com tristeza que falta vencer o desafio da qualidade e combater desigualdades que geram abismos de conhecimento entre os mais e os menos favorecidos. Nenhuma das 20 metas traçadas pelo Plano Nacional de Educação (2014-2024) foi cumprida, e estamos na metade da vigência da lei, aprovada por unanimidade pelo Congresso Nacional. Enquanto isso, educadores persistem no ofício em escolas de todo o Brasil.

Nós reconhecemos profissionais dedicados que fazem uma pausa em suas rotinas para refletir sobre o próprio trabalho e tomar uma decisão: suas práticas pedagógicas merecem a chance de serem compartilhadas e valorizadas entre os melhores projetos do Prêmio Educador Nota 10. As 4876 inscrições recebidas na edição de 2019 dizem muito sobre o ofício docente, sobre práticas educacionais, os alunos e a educação do país. Também revelam investimentos em estudo, pois 58% desses professores são pós-graduados, 524 têm mestrado e 101, doutorado. Há uma diversidade de contextos e cenários incrível, com representantes de capitais e de cidades bem pequenas, ambientes com muito suporte para educar e outros com pouquíssimos recursos. O que têm em comum? São professores e gestores que acreditam em seu poder de transformar infâncias e juventudes, de alimentar sonhos, de descobrir talentos, de formar cidadão éticos e profissionais capacitados.

Os projetos enviados por eles são lidos, avaliados e pré-selecionados, depois se inicia uma etapa de entrevistas por ferramentas virtuais e solicitação e análise de materiais que comprovam a realização do trabalho e o impacto positivo nas aprendizagens. Os selecionadores analisam, escrevem relatórios e defendem as práticas de excelência para toda a equipe, que vota nos melhores para gerar a lista de 50 finalistas e os 10 vencedores. É um processo rigoroso que dura meses e se apoia em cinco critérios norteadores: equidade e inclusão como valores; inspiração para a aplicabilidade em outros contextos; evidências de aprendizagem; didática específica da área e correlação clara entre as aprendizagens propostas e as orientações, gerais e específicas, apontadas na Base Nacional Comum Curricular (BNCC). Cada relato que passa pelo crivo dos selecionadores contribui para entender desafios, avanços e dificuldades que afetam esses educadores. Temos consciência de que eles são apenas um recorte da realidade brasileira, pois mais de 87% dos inscritos em 2019 atuam em escolas públicas e quase 60% deles vêm do Sul e do Sudeste do país. Mesmo assim, as observações da nossa academia de selecionadores atualizam o debate educacional.

Percebemos avanços: 

  • no investimento em programas de formação continuada ou específica e redes de colaboração que estimulam as trocas de saberes; 
  • na ampliação do tempo escolar em escolas públicas e particulares, permitindo que aos alunos experimentem atividades diversas, entre elas físicas e culturais;
  • no reconhecimento da diversidades em todas as suas formas: ritmos de aprendizagem, nível socioeconômico, orientação sexual e regionalidades;
  • na busca de metodologias de ensino que promovam o protagonismo dos alunos no seu processo de aprendizagem; 
  • no uso da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) como referência para a construção de currículos e planejamento de práticas;
  • na postura dos professores, que se assumem como pesquisadores e criadores de conhecimento cultural e educacional.

E constatamos desafios como:

  • a inclusão de todos os alunos no processo de ensino e aprendizagem;
  • escolas com desempenho inferior às metas estabelecidas pelas avaliações nacionais (Prova Brasil e SAEB);
  • evasão e abandono por conta da distância ou dificuldade de deslocamento entre casa e escola ou da desmotivação dos alunos; 
  • precariedades de infraestrutura e recursos tecnológicos; 
  • falta de continuidade das políticas educacionais;  
  • pouco uso de metodologias ativas e ambientes colaborativos de aprendizagem; 
  • a garantia de reuniões pedagógicas e horas de trabalho compartilhado entre docentes e gestores.

Além desses, há muitos aspectos que impedem o progresso das relações de ensino-aprendizagem. Defendemos que é necessário repensar a escola em seus tempos e espaços, para que se reorganize buscando a integração entre as áreas e leve em consideração os contextos e as trajetórias de vida dos alunos.  Dedicamos esse prêmio a todos os professores e gestores, por sua coragem de expor suas práticas, seus desafios cotidianos, suas inseguranças e angústias. São profissionais que se reinventam a cada dia, que aprendem com situações e problemas trazidos pelos alunos. Que não se rendem, se envolvem, investem muito mais do que tempo e têm menos recompensas do que deveriam. Queremos seguir enquanto processo seletivo que estimula, apoia e escuta e faz dos vencedores inspiração para todos os educadores do nosso país. Sabemos que tornar atrativa a carreira docente, com salários justos e suporte adequado ao trabalho são medidas urgentes. Precisamos cobrar a valorização de professores e gestores escolares em todas as esferas. E demandar melhores condições para garantir a todos uma educação de qualidade, essencial para alcançar uma sociedade mais justa e desenvolvida. Como Prêmio Educador Nota 10, erguemos essa bandeira e convidamos você. Vamos juntos!