Conheça os vencedores do 23º Prêmio Educador Nota 10!

Os vencedores do ano de 2020 representam Amazonas, Bahia, Distrito Federal, Pernambuco, São Paulo e Rio de Janeiro. Dos 10 projetos campeões, cinco são trabalhos realizados com alunos do Ensino Fundamental (somando anos finais e iniciais), três com turmas do Ensino Médio, um de gestão e outro com crianças bem pequenas. Já entre as disciplinas, são dois projetos de Língua Portuguesa, um trabalho de gestão escolar e um com crianças bem pequenas. Completam a lista iniciativas de Artes, Educação Física, Filosofia, Matemática, Geografia e Física. Em cerimônia apenas digital transmitida ao vivo pela rede Globo, realizada dessa forma por conta da pandemia da Covid-19, foram divulgados os 10 vencedores e também o Educador do Ano, Luiz Felipe Lins, professor de Matemática do Rio de Janeiro.

André Luís Miranda de Barcellos Coelho
Física – 3ª ano / Ensino Médio
Projeto: Óptica com Ciência
Escola: SEB Dínatos
Brasília, DF

O trabalho do professor André estimulou o aluno a executar investigações científicas. As sequências didáticas seguiam sempre por três etapas que se repetiam: (1) investigação, (2) análise e tratamento de dados; (3) debate e sistematização. Em uma das atividades, divididos em grupos, eles passaram por estações rotativas. Em cada uma havia um experimento a ser feito e investigado, e os alunos anotavam observações, faziam inferências e produziam questionamentos. Na segunda etapa, os dados coletados eram socializados com toda a classe e então tratados de maneira estatística pelos jovens, o que possibilitava que eles formulassem as conclusões. A terceira etapa era um debate, em que o professor, a partir dos dados e colocações dos alunos, trazia novos questionamentos ou chegava de forma dialogada a novas conclusões. Esses ciclos, que envolveram os jovens de maneira interativa, dinâmica e desafiadora, foram repetidos para estudar conceitos da óptica quanto às características da luz e seu comportamento ao incidir em diversos instrumentos ópticos, como espelhos planos, esféricos e as lentes.

“Acredito que a educação científica forma cidadãos conscientes do papel da ciência na sociedade. Por isso, ofereci atividades “mãos na massa” em um ambiente propício para os estudantes produzirem conhecimento de forma colaborativa.”

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Camila Josefa Nunes Rossato
Arte – 9º ano / Anos Finais do EF
Projeto: Corpo performático: imagens e palavras
Escola: EMEF Profa. Marina Melander Coutinho
São Paulo, SP

As modalidades da arte contemporânea serviram como meio para os Adolescentes expressarem suas ideias e sensibilizar os outros para elas. Superando a autocensura, três turmas de 9º ano se aventuraram em performances artísticas, esquetes, vídeos e sequências fotográficas – todas registradas em mídia digital com celulares. Camila propôs situações autônomas de aprendizagem, formando grupos para investigar a linguagem performática e desafiar o próprio corpo como meio de expressão e pesquisa. Para embasar suas criações, os alunos elegeram temas como depressão, racismo e saúde pública, que eles já estudavam para o seu TCA (Trabalho Colaborativo Autoral, proposta da prefeitura paulista). A professora entendeu as questões de cada grupo e ofereceu referências artísticas conforme suas demandas. Modelo de inclusão e respeito à diversidade, o trabalho de Camila permitiu que cada estudante caminhasse a seu modo para construir experiências estéticas e refletir sobre elas.

“Na produção artística contemporânea, a linguagem da performance atrai o espectador ao mostrar ações que nos fazem refletir sobre o cotidiano e sobre a exploração dos limites entre arte e vida.”

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Diogo Jordão Silva
Geografia – 2º ano / Ensino Médio
Projeto: Nos trilhos da democracia
Escola: CE Nelson Pereira Rebel
Campos dos Goytacazes, RJ

Diogo ensinou que o sistema democrático é feito de sujeitos atuantes e não apenas de votantes. Por meio de pesquisas no laboratório de informática e em saídas de campo, os estudantes identificaram as carências estruturais e as demandas sociais do Distrito Travessão para então analisar as políticas públicas que faltavam e propor soluções. Documentários e debates permitiram conhecer capítulos da Constituição Federal e direitos constitucionais como saneamento básico, saúde, educação e transportes. Leituras, produção de dados, discussões e outras atividades práticas fizeram a turma compreender como funciona o regime político brasileiro e suas tensões, além de desenvolver a própria argumentação. Durante o projeto, entenderam o que, por que e como reivindicar! Junto com o professor, criaram o Café com Política, evento para apresentar na escola os dados pesquisados na comunidade, inclusive para uma vereadora convidada. Ela levou as reivindicações à Câmara Municipal e os estudantes compareceram à audiência, assumindo a autoria. Como resultado, demandas da saúde pública foram atendidas.

“Meu papel como professor é possibilitar que o aluno perceba o território em que vive como um produto social e reconheça a si mesmo como um sujeito capaz de construir um espaço de efetivação da cidadania.”

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Lidiane Pereira da Silva Lima
Língua Portuguesa – 6º ao 9º ano / Anos Finais do EF
Projeto: Eu posso ser poeta!
Escola: EMEF Anna Silveira Pedreira
São Paulo, SP

Lidiane mudou o olhar dos jovens dessa escola na periferia paulista para a herança africana e o território que habitam. Depois de abrir discussões sobre um tema, ela lia poemas que permitiam desconstruir o imaginário sobre o continente africano, contavam a história de resistência do povo negro escravizado e falavam da identidade do negro no século XXI. Após cada leitura, os alunos a expressavam de maneiras performáticas, com declamações, danças, reflexões etc. A escolha de repertório, que ia de Solano Trindade ou Castro Alves a um rap dos Racionais MCs, aproximou os alunos da poesia. Lidiane convidou autores de alguns poemas lidos em sala – poetas negros, jovens e periféricos – para compartilhar experiências. Os estudantes se envolveram na preparação do Sarau Heranças Afro, escrevendo e reescrevendo poemas, debatendo traços de estilo dos diversos gêneros poéticos abordados em aula e refletindo sobre a variação linguística e sua conexão com a identidade e as relações de poder. Além de se apresentarem em colégios próximos, publicaram suas produções no livro Eu também posso ser poeta!.

“Acredito que os poemas são capazes de provocar catarses, microrrevoluções subjetivas e alterar visões sobre si e o outro. Os estudantes emprestaram suas vozes para contar histórias há muito tempo silenciadas, inclusive as suas.”

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Lúcia Cristina Cortez de Barros Santos
Gestão Escolar – Diretora / Anos Iniciais do EF
Projeto: Acolher para todos envolver e aprender
Escola: EM Prof. Waldir Garcia
Manaus, AM

A inclusão é o princípio norteador das ações de gestão nesta unidade municipal de tempo integral em Manaus que recebe alunos haitianos, venezuelanos, com deficiência e em situação de risco. A diretora Lúcia visitou escolas públicas inovadoras em São Paulo para entender os princípios da Educação Integral e mudar da prática pedagógica tradicional, que acentua desigualdades, para uma gestão democrática. Conseguiu desburocratizar relações, estabelecer vínculos, engajar e dialogar com todos os atores da comunidade escolar. Carteiras individuais foram trocadas por mesas redondas, não há filas, nem reprovação. Os resultados de avaliações internas e externas permitem revisar o processo de ensino, pois o foco central é a aprendizagem. As decisões são feitas em assembleias, onde os alunos atuam como protagonistas. Cada uma das 223 crianças escolhe um tutor, que a acompanha até o final do 5º ano. Lúcia se apoia na intersetorialidade, assim a Unidade Básica de Saúde acompanha a saúde das crianças e uma Organização da Sociedade Civil dá apoio nas tutorias e em formações da equipe.

“O projeto surgiu da necessidade de repensar nossa prática pedagógica tradicional, que acentua as desigualdades, e mudar para uma gestão democrática, seguindo os princípios da Educação Integral.”

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Luiz Felipe Lins – EDUCADOR DO ANO
Matemática – 7º ano / Anos Finais do EF
Projeto: Geometria e construção
Escola: EM Francis Hime
Rio de Janeiro, RJ

A chegada de moradias populares na região da escola motivou o projeto de Luiz Felipe, que dividiu seus alunos em grupos para trabalharem sobre temas da construção que envolvem as unidades temáticas de geometria e números. Entre outras tarefas, os estudantes tiveram que analisar uma planta baixa, idealizar uma casa – desenhando sua planta baixa e produzindo uma maquete – e calcular áreas e o custo para colocar o piso nos ambientes. Em meio ao processo, descobriram que era preciso usar argamassa, calcular a quantidade necessária por m 2 e fazer orçamentos. Para isso, pesquisaram na internet, visitaram lojas de materiais de construção, conversaram com pedreiros, arquitetos e engenheiros e perceberam que existe muita matemática no cotidiano desses profissionais. O professor orientou a divisão de tarefas e as responsabilidades e valorizou a diversidade de habilidades de cada integrante. Nas aulas, houve espaço para discutir sobre as dificuldades na busca de soluções e para a troca de saberes entre os alunos, que produziram planilhas e um vídeo para a apresentação final do estudo.

“Reconhecer a interação entre Geometria e outros eixos da Matemática como agente transformador, que possibilita, além da construção de conhecimento, uma formação sociocultural e emocional do aluno, é gratificante para a profissão de professor.”

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Maria Isabel dos Santos Gonçalves
Filosofia 1º ao 3º ano / Ensino Médio
Projeto: As filosofias de minha avó: poetizando memórias para afirmar direitos
Escola: Colégio Estadual Rui Barbosa
Boninal, BA

Em uma escola na Chapada Diamantina, onde 80% dos estudantes são negros, até o início de 2019 nenhum trabalho abordava a cultura africana. O delicado resgate da memória afrodescendente promovido por Maria Isabel tem ligação direta com o campo do direito à memória, ao patrimônio, ao pertencimento à terra e à preservação de culturas. Nas aulas, os alunos puderam conhecer os pensamentos de Hannah Arendt (memória como um ato político) e de Bergson (memória como hábito e o instante marcante) e a Filosofia Ubuntu (o que vale é o nós, o coletivo, eu sou o que sou porque você também é). Depois, munidos de boas perguntas, os estudantes coletaram relatos de seus avós – com vídeos, escritas e fotos –, verdadeiros retratos da resistência de seus ancestrais nas comunidades quilombolas. As memórias, segundo a professora, são a expressão de um grito sufocado de toda uma vida de direitos negados. Formar jovens conscientes desses direitos, de sua cultura e identidade foi um resultado primoroso do projeto.

“Nas comunidades quilombolas, as memórias das avós retomam os mistérios acerca de um passado perdido e permitem redescobrir uma filosofia africana, negada por séculos e silenciada pelo colonialismo.”

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Mirtes Ramos dos Santos Melo
Crianças bem pequenas – 2 a 3 anos / Educação Infantil
Projeto: Aprendizagens das crianças: maravilhamento e experiências
Escola: Creche Municipal João Eugênio
Recife, PE

Graças ao encantamento e à ação das crianças diante de materiais simples dispostos de forma surpreendente e convidando à interação, a equipe da creche percebeu o potencial de pesquisa e de aprendizagem dos pequenos. Papéis e caixas foram os primeiros elementos na sequência de atividades semanais planejada por Mirtes, que preparou uma instalação na sala com papéis higiênicos pendurados no teto. A brincadeira de puxar, pular e olhar para cima começou! Quando tudo veio ao chão, algumas crianças se enrolaram tal qual esculturas vivas de papel, enquanto outras observavam pelo buraco do cone de papelão. Em outras ocasiões, panelas, copos, colheres de pau e bule estimularam batucadas na sala ou viraram utensílios no parque (ali descobriram que as tampas apertadas na areia formam desenhos inusitados). Flores e frutas, como as do jambeiro da creche, se tornaram tema de investigação. As crianças também exploraram o corpo e o movimento correndo entre lençóis, brincando com bacias e sacos com água – coisas simples que abrem muitas possibilidades de experimentação.

“A vivência das crianças de entrar, sair, rasgar, puxar, sentir o leve, o pesado, perceber que com ajuda do colega conseguiam resolver situações, me deram a certeza de que movimento também é pensamento, é aprendizagem.”

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Rita Marta Mozetti Silva
Língua Portuguesa – 5º ano / Anos Iniciais do EF
Projeto: Pé de livros entre amigos
Escola: EE Adalgisa de São José Gualtiéri
Franca, SP

Crianças de 5º ano lendo e discutindo Dom Quixote, Iracema, Os três mosqueteiros, Romeu e Julieta! A professora Rita conseguiu a proeza nas terças-literárias, atividade de trocas de comentários, recomendações e retiradas de títulos para leitura individual. Tudo começou na sessão em que leu trechos do original de Cervantes. Os alunos se interessaram pela história e a educadora sugeriu boas adaptações da obra, para lerem sozinhos. Eles também produzem indicações de livros e resenhas em um processo cuidadoso que inclui etapas coletivas e revisões para aprimorar o texto. O gosto pela literatura se espalhou pela escola e uma árvore onde os livros são pendurados acolhe colegas de outros anos e visitantes de unidades próximas. A família se envolve nas leituras, participa dos encontros às terças, escreve indicações e colabora no vlog literário dos alunos. O Pé de livros já deu frutos: um projeto de leitura em voz alta nos recreios e em unidades escolares do entorno e um pedágio literário, em que as crianças entregam livros arrecadados em doações.

“Meus alunos, além de leitores assíduos e críticos, sentiram-se responsáveis por levar e despertar esse gosto pela leitura nas outras pessoas. Foram até para as ruas, distribuir livros para a comunidade.”

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Suzi Dornelas e Silva Rocha
Educação Física – 5º ano / Anos Iniciais do EF
Projeto: Viajando pela cultura africana
Escola: EE Professor José Ranieri
Bauru, SP

Jogos e brincadeiras de matriz africana levaram a turma a expandir seus conhecimentos e vivências acerca da história e da cultura desse continente e a valorizar a identidade afro-brasileira. Múltiplas linguagens – corporal, oral, escrita, audiovisual – foram usadas para descrever de maneira minuciosa as ações dos alunos e da professora ao longo do trabalho. Cadernos de registros das crianças contêm explicações sobre os jogos, desenhos, uma pequena autobiografia, discussões da classe e informações sobre os países, evidenciando a centralidade dos alunos. Suzi, que é professora-pesquisadora, escreveu um diário de campo e documentou em vídeo as etapas do projeto, com imagens de rodas de conversa, falas individuais, brincadeiras, da preparação e realização do festival Viajando pela cultura africana, que envolveu de uma forma inusitada as famílias e a comunidade escolar. O planejamento pedagógico desenvolvido para sua pesquisa resultou em um material com vinte sequências didáticas sobre o tema.

“Apesar do desafio, consegui desenvolver conteúdos de matriz africana e indígena na Educação Física e também envolver a comunidade escolar, o que foi um grande benefício, principalmente para os estudantes.”

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